quinta-feira, 11 de março de 2010

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Jornalistas x Jornalistas


Nos bastidores da imprensa há uma guerra não declarada entre assessores de imprensa e as redações

Não há dúvidas. Na imprensa há uma disputa oculta pela informação. E os personagens são jornalistas ou assemelhados (relações públicas, quando não marqueteiros ou publicitários), em geral situados em campos opostos ou, como já se convencionou chamar - por aqueles que aderiram à hipocrisia do tráfico de influências -, de um lado e outro do balcão: redações e assessorias de imprensa. As divergências, quando existem, ficam limitadas a esses universos específicos e são resolvidas com luvas de pelica. Aliás, os jornalistas "do outro lado do balcão" têm horror a conflitos ostensivos com seus colegas de redação. Uma regra básica, muito seguida, mas raramente admitida em público, é nunca reclamar de erros cometidos por repórter. Se a queixa for apresentada às chefias, provavelmente o queixoso ganhará um inimigo para sempre. Se a reclamação for inevitável, o melhor é conversar diplomaticamente com o autor da matéria. Afinal, para não admitir o engano, ele tem sempre a desculpa de que o redator ou o editor mexeu no texto. E pode até, por decisão própria, fazer retificação, consertando o erro. Os atritos raramente extravasam para o público externo, mas quando as rivalidades vêm a público, é um Deus-nos-acuda. O caso mais recente ocorreu no segundo semestre do ano passado. A revista Veja, ao publicar reportagem de capa sobre profissões, não perdoou os colegas assessores. Ao abordar as oportunidades de trabalho para jornalistas, escreveu: "Os jornais estão contratando cada vez menos. A oportunidade está nas assessorias de imprensa, que funcionam como uma espécie de antijornalismo - às vezes escondendo notícias, muitas vezes até mentindo".

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, diante da indignação de "grande parte da categoria", saiu em defesa dos profissionais que atuam nesse segmento e atualmente representam expressivo contingente: cerca de 40% dos 5.200 profissionais com carteira assinada no estado (veja quadro). Em carta enviada à direção da revista, o presidente do sindicato, Everaldo Gouveia, defendeu que "todos os profissionais merecem respeito" e mostrou a nova realidade da categoria: o setor de assessoria de imprensa é o que paga o melhor piso salarial e o que abre mais vagas no mercado de trabalho; e as redações cada vez mais se utilizam das assessorias como fonte de informações.

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