quinta-feira, 11 de março de 2010

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Os atrativos: emprego e salário

Ninguém sabe, ao certo, o número de assessorias de imprensa e profissionais do setor existentes no Brasil. A estimativa do Sinco - Sindicato Nacional das Empresas de Comunicação Social é de 5 a 6 mil jornalistas trabalhando nessa área, num universo de aproximadamente 29 mil profissionais em atuação no mercado, correspondendo a cerca de 20%. Levantamento realizado por IMPRENSA, com base em fontes próprias e em duas publicações, o Guia Brasileiro de Comunicação Empresarial & Assessorias de Imprensa e o guia Fontes de Informação, editadas pela Puente Projetos de Comunicação em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, indica a existência de pelo menos 1.475 assessorias de imprensa no país. Na realidade, tanto o número de assessorias como o de profissionais podem ser o dobro.

Esses dados, embora imprecisos, indicam uma concentração de assessorias na Região Sudeste, com 80,75% do total. As demais regiões ficam abaixo de 6%: Centro-Oeste, 5,76%; Sul, 5,69%; Nordeste, 4,75%; e Norte, 3,05%. São Paulo é o estado com maior número de assessorias, com 956 (64,8%), seguido do Rio de Janeiro com 207 (14,03%), Distrito Federal com 69 (4,67%) e Paraná com 48 (3,25%). Só a capital paulista reúne 882 assessorias. No interior de São Paulo, incluindo a Grande São Paulo, há 74 assessorias.

No Brasil, a distribuição das 1.475 assessorias por atividades ou tipo de empresa é a seguinte: 536 empresas específicas de assessorias de imprensa ou comunicação; 15 de Relações Públicas com serviços de imprensa; 46 consultorias; 267 assessorias em órgãos públicos, incluindo estatais; 266 assessorias em empresas privadas; e 345 em instituições, associações e entidades, incluindo sindicatos, consulados e Universidades.

Nas redações, arrogância e desinformação: Assessores apontam os principais pecados dos jornalistas e as falhas no relacionamento

Nas telas de TV, uma reportagem da Globo sobre os problemas da coleta de lixo na cidade de São Paulo. O repórter, devidamente perfilado diante de um monte de papéis, faz a passagem da matéria dizendo que a imagem de fundo era um exemplo da situação nas ruas da capital paulista.

E depois de apresentar trechos de entrevista com o diretor da firma responsável pela fiscalização da coleta, denuncia: a empresa havia sido contratada sem licitação. Por causa dessa reportagem, o empresário sofreu tanta pressão política que teve de romper o contrato com a prefeitura.

"Depois que a reportagem foi ao ar, liguei para a direção da Globo para dizer que a matéria continha uma porção de bobagens... Mas não tinha mais jeito. Quem tinha de ser prejudicado já estava sofrendo as conseqüências e não havia mais o que fazer", relata o jornalista e assessor de imprensa Carlos Brickman, da Brickman e Baracat Comunicação.

Nesse caso, segundo Brickman, que tem um longo currículo de atuação profissional como jornalista em alguns dos principais veículos de comunicação do país, o monte de papel mostrado na reportagem não era lixo, mas papéis velhos e jornais coletados por uma comunidade de moradores de rua, em conjunto com um padre. O objetivo era conseguir fundos e comprar alimentos para as sopas coletivas. Além disso, a contratação da empresa fora feita sem licitação "porque não havia nenhuma outra que fizesse o mesmo serviço", explica o assessor, em defesa de seu cliente.

Luciano Ornellas, ex-editor do Jornal da Tarde e ex-secretário de redação do Estadão, há aproximadamente quatro anos na chefia da assessoria de comunicação do Banespa, também tem queixas dos colegas de redação: "Muitas vezes sugiro aos repórteres, depois das entrevistas, que me liguem se tiverem dúvidas, para que eu os ajude. Muitos não fazem isso e escrevem um monte de besteiras, que acabam sendo endossadas até por pessoas mais experientes, mas tão mal-informadas quanto eles, quando editam a matéria". Cita como exemplo uma manchete de primeira página publicada pelo Estadão no final de 1997: "Covas não vai assinar o balanço do Banespa". E explica: "Em primeiro lugar, a jornalista deveria saber que o governador não teria de assinar o balanço, mesmo que o banco ainda fosse estatal. Isso é atribuição de seu presidente. Em segundo, o banco já estava sob intervenção federal. Um leitor bem informado certamente dá risada quando lê esse tipo de manchete. O leitor menos informado, entretanto, pode achar que há alguma coisa errada com o banco. Esse é um caso típico de desinformação que passou pelas mãos de diversas pessoas e ninguém percebeu o erro. Quando se trata de um assunto tão delicado como o mercado financeiro e de uma empresa tão importante como o Banespa, deveria haver mais cuidado no trato da informação."

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